O primeiro contato de Cristina Boner com o mundo dos negócios foi quando ainda era criança e ajudava os pais, após as aulas, a tomar conta da pequena padaria da família. Mas até chegar onde está hoje – fundadora de uma empresa de tecnologia da informação com faturamento que chega a R$ 500 milhões – muita água passou por debaixo da ponte. E foi necessário, em todo este tempo, desconsiderar qualquer senso de limite e impossibilidade.

Cristina nasceu na década de 60 na cidade de Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo. Mudou-se para Brasília com a família quando tinha 15 anos. A cidade que a acolhera trouxera à garota um objetivo de carreira: tornar-se arquiteta e desenhar prédios tão imponentes quanto os que via pelas ruas daquele lugar pincelado, detalhadamente, por Oscar Niemayer.

Aos 18 anos passou no vestibular que tanto queria, mas não conseguiu conciliar os estudos porque já tinha que trabalhar para arcar com seus próprios gastos. “Na época muita gente falava que informática era uma carreira promissora. Grandes empresas tinham computadores que ocupavam salas inteiras e tinham técnicos para operá-los. Esse pessoal ganhava muito bem. Descobri que a PUC de Brasília tinha um curso de processamento de dados à noite. Passei no vestibular sem nunca ter visto um computador.”

Coragem para mudar

Aos 30 anos, Cristina já era professora universitária. Foi nesta época que teve o primeiro contato com o Windows, que começava a chegar ao Brasil. Com este primeiro contato, vislumbrou a empresa que, pouco tempo depois, seria uma das primeiras revendas brasileiras da Microsoft.

Para conseguir tocar a companhia, ela vendeu o automóvel Gol que tinha na época e convidou dois de seus alunos para serem estagiários. “Quem nasce empreendedor não demora muito para abrir seu negócio. Ninguém me disse que daria certo. É algo que vem de dentro para fora. Não tinha nem dinheiro para fazer pesquisa de mercado, tinha apenas a minha convicção técnica”, garante.

Desafio sem tamanho

Em 1996, Cristina ficou sabendo que Bill Gates estaria em Brasília para encontrar a primeira-dama na época, Ruth Cardoso, e ficou totalmente focada em conseguir uma reunião com ele. Mas a agenda do executivo estava, como era de se esperar, impossível.“Mesmo assim o obstáculo não me desanimou. Lembrei que um amigo tinha um avião com que sobrevoava praias carregando anúncios de empresas. Pedi a ele que pintasse a maior faixa disponível, de 150 metros de comprimento, com a mensagem ‘Welcome Bill Gates. TBA’. No dia da visita, ordenei que ele sobrevoasse os céus de Brasília até a mensagem ser vista pelo fundador da Microsoft”, conta.

E foi assim que um assessor do próprio Gates entrou em contato com Cristina para agendar a reunião. Esta foi a primeira das quatro vezes com quem ela se reuniu para conversar com o homem mais rico do mundo.

Infografico historia de cristina boner - linha do tempo
Infografico historia de cristina boner - caracteristicas

Futuro e propósito

Para Cristina, o céu é o limite. A Globalweb Corp deve chegar a R$ 1,2 bilhão de faturamento nos próximos dois anos. Mas quem imagina que o dinheiro que é o guia da executiva se engana. “Se eu fosse homem, faturaria o dobro”, acredita. “Mas o importante para mim é quebrar paradigma”, esclarece.E qual o seu limite?

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