Qual é o custo de um funcionário? Sábia pergunta! Afinal, o que vejo por aí são vários negócios crescendo e precisando de novos colaboradores, porém, com pouco conhecimento do verdadeiro custo de contratar um funcionário obedecendo a todos os preceitos legais.

Hoje vou responder a essa questão elencando alguns itens básicos, nos quais você deve pensar e colocar na ponta do lápis antes de decidir se é hora de buscar um novo funcionário para sua empresa. Confira!

Como a empresa deve calcular o custo de um funcionário?

De acordo com o porte da sua empresa e o valor da remuneração estipulado para a vaga, sua empresa deve ficar atenta aos gastos abaixo (embora alguns encargos sejam obrigatórios independentemente do salário oferecido).

Encargos que entram na folha de pagamento

Para a contabilidade da sua empresa, os encargos que entram no holerite dos funcionários são muito importantes, visto que podem somar até 3 vezes o salário que você paga ao seu colaborador.

A legislação brasileira, na intenção de sempre prover maior proteção ao trabalhador, pode encarecer a contratação. Conte, principalmente, com os seguintes custos:

  • 13º salário;
  • férias (1/3 constitucional);
  • transporte ou ajuda de custo;
  • benefícios como plano de saúde (que você pode escolher pagar individualmente ou para a família — dependendo do que você negociar com a administradora);
  • seguro de vida;
  • possíveis faltas ou afastamentos por motivos de força maior;
  • horas extras (que podem ser incorporadas ao holerite e ao 13º);
  • contribuição previdenciária;
  • ajustes salariais de acordo com atualização anual;
  • possíveis alterações ou quebras de contrato.

E se você estiver pensando que contratar um estagiário é a melhor saída para driblar boa parte dos custos, pense melhor! Em pouco tempo, de acordo com a legislação vigente, terá que ser tomada uma decisão:

  • contratá-lo de vez, o que inevitavelmente contará com os mesmos gastos;
  • dispensá-lo. Nesse caso, será necessário contratar outra pessoa, o que trará gastos de contratação do mesmo jeito e ainda com o agravante de perder a experiência do antigo funcionário.

Gastos com capacitação

O custo com qualificação é outra coisa na qual sempre se deve pensar. Se o funcionário permanecer na empresa por um tempo e empregar efetivamente os conhecimentos adquiridos em cursos de capacitação, atualização ou treinamentos, esse é um gasto vantajoso.

Se isso não ocorrer, pode ser um prejuízo, até porque a pessoa pode sair e levar para a concorrência o know-how que você ofereceu.

Ainda nesse ponto, podem entrar gastos com planos de carreira e promoções (dependendo do porte do seu empreendimento) para conseguir reter esses talentos e não perder conhecimento ou vantagem competitiva para outros no mercado.

Custos para fazer a seleção de candidatos

Se o seu negócio for pequeno ou você confiar apenas no seu feeling para fazer a seleção, você pode estar perdendo seu tempo — que custa dinheiro, uma vez que poderia utilizá-lo para realizar outras tarefas, fazer prospecções e manter o foco no business, não sendo necessário parar para analisar perfis, entrevistar, publicar e selecionar anúncios de vagas.

Mas também podem surgir gastos ao contratar uma empresa especializada para ajudá-lo nessa seleção (como uma agência de empregos ou de estágios) ou um profissional (um psicólogo ou consultor de RH, por exemplo).

Nesse caso, lembre-se que para cada candidato, ainda que não selecionado, haverá um custo que não necessariamente trará retorno. E, se a empresa tiver dificuldades em encontrar logo o candidato ideal, esse gasto só aumenta.

Custos em caso de demissão

Em caso de rescisão, os custos podem subir de acordo com o tempo em que o trabalhador está na empresa. Antes de simplesmente demiti-lo, é necessário pensar no:

  • aviso prévio, que gera mais 1/12 de férias e 1/12 do 13º (como se fosse mais um mês de salário normal);
  • pagamento do 13º proporcional;
  • terço constitucional de férias relativo ao período proporcional;
  • salário relativo aos dias em que o funcionário trabalhou;
  • multa sobre o fundo de garantia.

Por fim, há ainda que se pensar em eventuais processos trabalhistas. Por isso, manter uma boa conduta com os funcionários desde o princípio é essencial para garantir uma relação transparente, que não vá causar prejuízos no futuro.

Custos com contribuição sindical

Embora a Reforma Trabalhista tenha reduzido os custos dos sindicatos, eles ainda precisam ser considerados na hora da contratação de um funcionário. Por mais que o colaborador não seja obrigado a se associar, a contribuição sindical precisa ser paga.

Isso porque ela não corresponde aos custos de associação de um sindicato, mas sim ao imposto para manutenção das estruturas das categorias que o representam, tendo em vista que o colaborador não sindicalizado tem os mesmos direitos daquele que é associado a um sindicato.

Custos com benefícios

Outro ponto de atenção é em relação aos benefícios que serão pagos aos seus funcionários. A maioria das empresas costumam pagar vale-alimentação, vale-transporte e plano de saúde a fim de motivar o colaborador a melhorar sua produtividade e, também, reter talentos dentro da companhia.

No caso do vale-transporte, o empregador deve arcar com, pelo menos, 94% do valor total que será gasto com passagens pelo funcionário. Mas é importante ressaltar que essa porcentagem pode aumentar caso o colaborador não tenha um salário muito alto, podendo chegar até 100%.

Em relação ao vale-alimentação, o valor será estipulado pelo sindicato que administra a categoria. No entanto, 20% do valor definido é pago pelo funcionário.

Ao que se refere ao plano de saúde, os valores a serem pagos vão depender da proposta da corretora contratada. É importante destacar que os valores são reajustados anualmente, levando em consideração a inflação de itens médicos, média da faixa etária dos funcionários e índices de sinistralidade — quanto a corretora teve que gastar para arcar com os custos previstos no contrato.

Custos adicionais

Alguns custos adicionais devem ser incluídos no seu cálculo para não colocar em risco o controle financeiro da sua empresa. Lembre-se que gastos inesperados podem prejudicar seu orçamento, o que pode comprometer o pagamento de seus compromissos.

Sendo assim, os custos adicionais levam em conta os gastos com a fabricação de uniformes para a equipe, valores que precisam ser pagos a alguém que está cobrindo a falta de um funcionário por motivos de doença etc. Prever esse tipo de despesa é essencial para evitar prejuízos ao seu negócio.

Os encargos e alíquotas dependem do regime tributário da empresa?

Sim. No regime do Simples Nacional, por exemplo, as alíquotas são menores quando comparadas às grandes empresas. No entanto, esse valor pode variar de acordo com a natureza do seu negócio. Sendo assim, algumas organizações podem chegar a pagar até 20% de INSS e a alíquota RAT, responsável por financiar acidentes de trabalho.

Agora, no caso dos regimes Lucro Real e Presumido as alíquotas são semelhantes aos do Simples Nacional, porém, com o acréscimo da alíquota de terceiros, a qual é utilizada para financiar os programas do governo, como o SENAI, SESI etc.

Qual é a importância desse cálculo?

Calcular corretamente o custo de um funcionário é fundamental para impedir que a sua empresa tenha problemas com a Justiça do Trabalho, pois tudo isso gera uma despesa extra que pode colocar em risco o bom funcionamento do seu negócio.

Além disso, o governo tem aumentado a rigidez na fiscalização dos tributos. Sendo assim, é possível afirmar que ter uma empresa legalizada é muito mais barato do que sonegar impostos. Pense nisso!

E aí, você já tinha parado para pensar no custo de um funcionário? Você sente que seu empreendimento está preparado para arcar com todas as responsabilidades? Se sua empresa é pequena e você ainda tem dúvidas sobre contratações, leia também o meu texto sobre a contratação de funcionários para MEI!

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