Meu pai já dizia: escolher sócios para sua empresa é o mesmo que escolher alguém para casar. É uma decisão extremamente importante e muito, mas muito burocrática, para ser feita sem pensar direito. Se for mal conduzida, pode destruir não só a própria companhia, mas uma amizade. Ou então gerar brigas de família, que estragam Natais, Páscoas e domingos de almoço na casa da vó (que, coitada, ficará deprimida com a separação dos parentes). Então muito, muito cuidado com uma decisão como esta. Economize as lágrimas da sua avozinha!

Algumas vezes a ideia de uma empresa surge entre mais de uma pessoa. Em outros casos, alguém tem uma brilhante ideia e chama aqueles nos quais confia para tirar a ideia do papel. Há ainda sócios que chegam com o negócio já andando e dando dinheiro.

Mas a coisa mais importante a ser levado em consideração antes de assinar os contratos e firmar o casamento corporativo: os envolvidos têm maturidade suficiente para lidar com divergências de opiniões sem que o relacionamento seja comprometido? Sabemos que não existem duas vidas – uma profissional e outra particular – por isso é necessário avaliar os envolvidos estão preparados para lidar com desentendimentos de forma desprendida.

É preciso responder a algumas perguntas:

Gestão e dinheiro

O que o sócio vai agregar à empresa? O quê? Como? Em quanto tempo? Como isso vai se traduzir em dinheiro?

Perfil e confiança

Você tem confiança nos seus sócios? Considera que eles sejam pessoas admiráveis ou quer apenas dar uma força para alguém que você gosta? Os sócios têm histórico de má-índole (se quiser, substitua o má-índole por calote)?

Pessoas

Os negócios suportam mais de um líder? A equipe será dividida entre mim e ele/eles? Quem será responsável por lidar com os colaboradores.

Atividades: qual será o papel de cada sócio?

Todos dividirão a mesma autonomia ou uma pessoa será majoritário? Como funcionará a política de decisões dentro deste contexto?

Crise

E se algo der errado? Se uma decisão que ele tomar for ruim? Ou se uma ideia sua não der certo? Como vocês lidarão no caso de problemas financeiros?

Investimento

Quem terá dinheiro para investir na empresa? Se é apenas uma parte, como será feito o pagamento deste valor ao sócio que fez o aporte? Haverá juros?

Divergências

Como as decisões serão tomadas em caso de divergência de opiniões? A maioria vai definir? O sócio majoritário será o responsável?

Você sabe dividir?

A sociedade envolve uma questão muito importante, o controle do ego. Você está preparado para não ser o dono da bola? A ver alguém tendo uma ideia ou uma projeção maior do que você? Está disposto a admitir que, por vezes, o seu jeito não será o melhor para todos? Pode parecer besteira, mas isso é imprescindível.

Maturidade e intimidade

Vocês têm uma relação sólida madura e íntima o suficiente para ter uma conversa franca e honesta respondendo a estas questões juntos? Se existe algo que você não se sente à vontade para conversar com o futuro sócio ou futuros sócios, você tem a vã ilusão de que a coisa vai melhorar quando tiver dinheiro envolvido? Você acredita em unicórnios?

Acima de tudo, os sócios têm de ter a mesma meta. A meta não pode ser: “eu quero comprar um carro x”, “eu quero fazer uma viagem y”. A meta em conjunto tem que ser no negócio, no que vocês planejam entregar para os clientes.

Se a meta estiver alinhada, nenhum dos itens apontados acima gerarão alguma crise. Com foco em uma única meta, o caminho vai se moldando e chegando aonde tem que chegar. Você não desejará que a sua ideia seja melhor, ou ele não vai querer exercer uma atividade que foi designada a você por exemplo. Problemas de dinheiro no meio do caminho serão apenas um detalhe.

Mas, para isso, é preciso que todos olhem juntos para o mesmo objetivo, com confiança e companheirismo sempre.

Tá vendo? Igualzinho um casamento mesmo, como tinha me explicado o meu pai.

Você tem dúvidas? Mande pra gente comentando este post. Toda sexta tem uma dica de gestão no #ClicoResponde. Participe!

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