Controlar o patrimônio do empreendimento não tem a ver somente com entradas e saídas, receita e despesa, mas envolve toda a movimentação dos recursos sob sua administração, exigindo organização. A boa gestão financeira da empresa é imprescindível ao empreendedor que deseja manter seu negócio em funcionamento e conquistar espaço no mercado. Nesse contexto, o planejamento financeiro empresarial ganha destaque como um dos pontos essenciais sobre o assunto.

Sei o quanto este equilíbrio nas contas pode ser desafiador, motivo pelo qual eu elenco na sequência algumas dicas para você se preparar e realizar um planejamento financeiro que traga para o seu negócio ótimos resultados.

O que é planejamento financeiro?

O planejamento financeiro pode ser definido como uma série de ações, controles ou procedimentos que possibilitam a elaboração e implementação de orçamento, assim como a definição, o alcance de metas e outras possibilidades que poderão ser definidas de acordo com o tamanho e com o objetivo de sua empresa.

Esta ferramenta pode ser utilizada a curto prazo, principalmente em relação à necessidade de capital de giro, que é aquele utilizado para o pagamento de suas contas do dia a dia ou no longo prazo para necessidade de capital ligado a investimentos — como a compra de uma máquina ou até mesmo imóvel para a expansão da sua empresa. Mas e aí você me pergunta: mas, Rodrigo, como fazer o planejamento financeiro de uma empresa? É isso que eu vou te mostrar a seguir!

1. Entenda o cenário atual da empresa

Olhe para o seu segmento de atuação e analise seus concorrentes, em que posição você está nessa hierarquia, sua participação no mercado, quanto sua marca está consolidada e quem é o público-alvo. Deseja abrir a primeira filial no próximo ano? Ótimo, mas como vão os números do comércio ou indústria que você já tem?

Planejamento financeiro empresarial é a avaliação de riscos futuros para começar a adotar no presente as medidas compatíveis com os resultados que você espera obter lá na frente. Porém, o empreendedor não conseguirá fazer previsão nenhuma sem levar em consideração o cenário atual do seu negócio.

Os números permitem uma análise objetiva e precisa do patrimônio: verifique o faturamento, contas a pagar e a receber, capacidade produtiva, lucratividade, gasto com mão-de-obra, percentual do produto ou serviço destinado ao pagamento de impostos e se há financiamentos pendentes.

Quem acompanha a movimentação financeira pode utilizar o Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE) na avaliação. Assim é possível identificar não somente a quantidade de dinheiro que entra e sai, mas como ele está sendo alocado.

Algumas perguntas que você deve se fazer

  • Quanto faturei ano passado? Quanto isso representa de crescimento em relação ao ano retrasado?
  • Quanto faturo mensalmente? Como a sazonalidade atua nos meus resultados?
  • Quanto o mercado no qual atuo deve crescer no próximo ano? (Busque informações em associações de classe e em pesquisas setoriais)
  • A estrutura atual da minha equipe suporta crescer? E em termos de número de pessoas e qualificação profissional?
  • Vou querer entrar em um novo mercado?
  • Tenho todas as informações necessárias para embasar minhas decisões?
  • Se precisar fazer investimentos para chegar à meta planejada, de quanto serão eles? Como distribuí-los ao longo do ano? Tem fluxo de caixa para isso?
  • O resultado do investimento a ser feito e do objetivo a ser alcançado vai impactar de forma negativa em minha margem? Se sim, é algo temporário ou permanente?
  • Qual o desempenho mensal que devo ter em vendas para atingir minha meta? Esse desempenho mensal deve levar em consideração a sazonalidade.
  • Quais contas extras tenho a pagar neste ano?
  • Quais os eventos diferenciados que devem impactar no meu negócio?
  • Minha equipe concorda com os números? quem está na operação diretamente tem uma visão mais prática da coisa toda. Converse com seus colaboradores e veja o que eles acham do plano e se têm sugestões a passar.

2. Preveja o cenário futuro da empresa

Entendido o contexto atual, considere fatores internos e externos capazes de refletir no patrimônio empresarial — utilize a análise SWOT. Não adianta tentar expandir as operações para fazer subir o faturamento quando você está cheio de dívidas e a economia está em crise.

Projete suas receitas e despesas considerando tais circunstâncias, que variam conforme o modelo de negócio. Uma sorveteria tem aumento significativo nas vendas quando as temperaturas estão mais quentes, sazonalidade indiferente a uma farmácia.

Saúde financeira não tem a ver com o quanto de dinheiro você tem, mas como você o administra, identificando gargalos e oportunidades de aplicação, quitando as obrigações e se organizando para fazer o negócio prosperar enquanto isso.

Muitos projetos vão demandar empréstimo, e você precisará abrir suas contas no banco, calculando o retorno do investimento e a viabilidade de arcar com as parcelas. Por isso, planeje-se, com atenção especial para não comprometer o capital de giro, lastro das suas vendas a crédito e montante necessário em caso de imprevistos.

3. Conheça os seus custos

Agora que você já entendeu seu ciclo financeiro, é preciso também que você entenda melhor o seu processo produtivo, seja ele ligado a um produto ou à prestação de um serviço. Você sabe quais são os recursos consumidos e quanto custa para que você produza ou preste um serviço?

A definição desses valores é essencial para a correta precificação, e isto impacta de forma direta as suas finanças, uma vez que um produto ou serviço com preço definido de forma errada pode lhe gerar prejuízos

4. Acompanhe a movimentação financeira

Fluxo de caixa, DRE e balanço patrimonial são apenas algumas ferramentas importantes capazes de ajudar você a ver como os recursos estão sendo administrados — as informações geradas por tais sistemas e relatórios orientam sua tomada de decisão.

As anotações (como a emissão de nota fiscal), além de manterem seu negócio em dia com o Fisco, também orientam nas projeções. Afinal, elas aumentam suas chances de escolher o regime tributário mais adequado para o próximo ano.

O planejamento financeiro da empresa também é facilitado quando se tem controle dos gastos de cada departamento e noção do ROI quando você investe em ações de marketing ou treinamento corporativo, por exemplo.

As escriturações contábeis e trabalho da parte fiscal, desde o recebimento da matéria-prima e checagem dos impostos cobrados, registram a que se destinam os valores a serem pagos e recebidos. Assim você pode determinar com quais fornecedores é necessário negociar novos preços.

5. Use o orçamento como seu aliado

O Planejamento financeiro e o orçamento empresarial andam juntos. No orçamento, observando o passando e fazendo projeções para o futuro, é possível determinar valores que serão gastos e recebidos e como este fluxo deverá acontecer no decorrer de um determinado período.

Não se esqueça de que esse planejamento deve ser detalhado e, se possível, por departamento, com definição de metas e objetivos e, posteriormente, com a verificação de como eles foram alcançados ou revisão dos pontos que não deram certo.

6. Promova o planejamento financeiro empresarial

Estou falando de organização, estabelecimento de metas e indicadores capazes de mensurar se você está no caminho certo rumo a seus objetivos. Todas as medidas citadas nos tópicos anteriores são essenciais aqui, pois elas baseiam seu plano de ação e as tarefas realizadas diariamente em busca do resultado maior esperado.

Quer expandir sua margem de lucro? Deseja captar recursos para fortalecer o marketing? Vai aplicar dinheiro em uma nova instalação? Quantifique todos os valores necessários aos seus investimentos.

O empreendedor pode, por exemplo, aumentar o faturamento cortando gastos ou destinando dinheiro ao marketing digital. Seja lá qual for a decisão tomada, indique quanto pretende economizar ou remeter à publicidade e a porcentagem esperada na nova receita a ser auferida.

É possível ver se as contas batem realizando os cálculos: enxugar as despesas aqui é mais eficaz do que aplicar o dinheiro em uma ação publicitária? Assim o controle das contas tem maiores chances de corresponder à realidade inicialmente projetada.

7. Utilize a tecnologia a seu favor

O planejamento financeiro empresarial envolve diretamente as áreas fiscal, tributária e administrativa e, indiretamente, todos os demais departamentos — demandando do empreendedor a capacidade de integrar informações de diferentes setores para fazer suas previsões.

A comunicação e análise dos dados se torna muito mais eficiente quando um software de gestão é utilizado. A automatização dos processos faz a equipe ganhar em tempo e precisão, admitindo recursos como o controle das contas a pagar, o que permitirá uma ampla visão do fluxo de caixa da empresa.

Entenda seu negócio como um sistema integrado, no qual todas as áreas conversam e dependem intrinsecamente umas das outras. Embora cada setor tenha orçamento próprio, o comercial não funcionaria sem o RH, administrativo e contábil.

O planejamento financeiro de uma empresa é eficiente quando tem o controle das atividades de todos os departamentos em uma mesma plataforma. Assim, é possível visualizar oportunidades e gargalos ao ver como os recursos fluem entre diferentes âmbitos empresariais.

O empreendedor não precisa ter amplo domínio de todos os mandamentos elencados, pois o conhecimento técnico da legislação e obrigações contábeis fica com os especialistas, passíveis de consulta se for o caso. Contudo, é fundamental entender conceitos, ferramentas e aprender a fazer relatórios — por isso, estude!

Planejamento financeiro empresarial não é motivo de preocupação, mas de alívio, porque ele mitiga riscos e dá a você as informações necessárias à tomada de decisão. Fazê-lo de forma eficiente envolve organização, profundo conhecimento do seu negócio e ramo de atuação.

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